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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Uma Denominação Chamada Primeira Igreja Batista?

Outro dia me perguntaram, “você é de que igreja? Da ‘primeira igreja batista’? Como se “primeira igreja batista” fosse uma denominação à parte. Aliás, certa vez mandei fazer uma faixa com os dizeres “igreja batista”, uma bela foto e uma frase promocional, colocamos à frente da igreja, mas tive que tirá-la em poucos dias pois alguns irmãos não gostaram e exigiram a retirada da faixa, pois nós não éramos uma igreja batista, éramos a “primeira igreja batista”. Isso em uma pequena comunidade que, com certeza, jamais caberia uma segunda igreja batista. Talvez, quem sabe, se fundarem uma segunda, se chamará: “segunda primeira igreja batista”.

Aos amigos que não entenderam muito do que falei até aqui esclareço: não existe nenhuma denominação (igreja evangélica) chamada “primeira igreja batista”, existe um movimento chamado “batista” o qual hoje é denominado de “igreja batista”, fundado nos primeiros anos do século XVII pelo pastor John Smith e Thomas Helwis, dissidentes anglicanos (separatistas puritanos) com doutrina e liturgia semelhante aos “anabatistas”.

Há alguns poucos anos nós, os batistas, estávamos tentando recuperar nossa identidade, mas creio que a perda de identidade não é uma particularidade batista, tem sido notório nas igrejas chamadas evangélicas uma berrante perda de identidade bíblica. O evangelho que temos pregado difere em muito ao que foi pregado por Jesus e pelos apóstolos. A humildade, a resignação, o amor e o altruísmo foram palavras de ordem para esses. Hoje o evangelho exalta o pregador, o cantor, a recompensa, a prosperidade, enquanto a Bíblia continua dizendo que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”.

Hoje constroem-se grandes templos, grandes pregadores, grandes slogans. Pastores, pastoras. “levitas”. A oferta pelo conforto e bem estar é grande, principalmente nas grandes igrejas. Igreja... tinha esquecido... Igreja não significa templo. Aliás, o Templo foi demolido e não ficou pedra sobre pedra... Era por causa dele (o Templo) que tinha sacerdotes, levitas, sacrifícios, dízimos... Hoje o sacerdócio é de todos os crentes, “vós sois o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. A Bíblia nos diz que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, ou seja, a habitação de Deus.

No início a igreja (aqueles que creem em Cristo, chamados salvos) reuniam-se nos lares, não construíram templos, dizem que porque eram perseguidos (e eram mesmo). Então Constantino (Imperador Romano), para revitalizar o Império, deu os primeiros passos para oficialização do cristianismo como religião de Roma. Desgraça cristã, pois começou a tomar a forma pagã, com templos suntuosos, sacerdotes, hierarquias... Séculos depois Lutero, Zuinglio e Calvino, entre outros, promovem a Reforma, que não foi completa, não nos afastamos dos templos, dos altares, dos sacrifícios e das ofertas alçadas, e dízimos para sustentar essa forma pagã de igreja. Mas já foi alguma coisa...

Ainda temos tempo, alguma coisa está acontecendo. Grupos nos lares, células, grupos familiares, “crentes sem igreja”, creio que o Espírito Santo está atuando de forma a resgatar a essência do que seja uma igreja de verdade, onde não haja grande ou pequeno, rico nem pobre, onde “todos tenham tudo em comum” e “ninguém tenha falta de nada”. Não se iluda, não pense que todo movimento diferente é herético. Não pense que só aqueles que fazem parte da sua igreja são salvos. Aliás ser membro de igreja não garante salvação a ninguém, Salvos são aqueles alcançados pelo misericórdia e graça Divinas, reconhecedores de sua miséria e condenação por causa do pecado, e da maravilhosa obra de Redenção realizada por Jesus Cristo, que o recebe pela Fé e andam em novidade de vida.

Não os membros da “primeira igreja batista”, ou de outra qualquer...


Tito Mendes