Outro dia me perguntaram, “você é
de que igreja? Da ‘primeira igreja batista’? Como se “primeira igreja batista”
fosse uma denominação à parte. Aliás, certa vez mandei fazer uma faixa com os
dizeres “igreja batista”, uma bela foto e uma frase promocional, colocamos à
frente da igreja, mas tive que tirá-la em poucos dias pois alguns irmãos não
gostaram e exigiram a retirada da faixa, pois nós não éramos uma igreja
batista, éramos a “primeira igreja batista”. Isso em uma pequena comunidade
que, com certeza, jamais caberia uma segunda igreja batista. Talvez, quem sabe,
se fundarem uma segunda, se chamará: “segunda primeira igreja batista”.
Aos amigos que não entenderam
muito do que falei até aqui esclareço: não existe nenhuma denominação (igreja
evangélica) chamada “primeira igreja batista”, existe um movimento chamado “batista”
o qual hoje é denominado de “igreja batista”, fundado nos primeiros anos do século
XVII pelo pastor John Smith e Thomas Helwis, dissidentes anglicanos
(separatistas puritanos) com doutrina e liturgia semelhante aos “anabatistas”.
Há alguns poucos anos nós, os
batistas, estávamos tentando recuperar nossa identidade, mas creio que a perda
de identidade não é uma particularidade batista, tem sido notório nas igrejas
chamadas evangélicas uma berrante perda de identidade bíblica. O evangelho que
temos pregado difere em muito ao que foi pregado por Jesus e pelos apóstolos. A
humildade, a resignação, o amor e o altruísmo foram palavras de ordem para
esses. Hoje o evangelho exalta o pregador, o cantor, a recompensa, a
prosperidade, enquanto a Bíblia continua dizendo que “o amor ao dinheiro é a
raiz de todos os males”.
Hoje constroem-se grandes
templos, grandes pregadores, grandes slogans. Pastores, pastoras. “levitas”. A
oferta pelo conforto e bem estar é grande, principalmente nas grandes igrejas.
Igreja... tinha esquecido... Igreja não significa templo. Aliás, o Templo foi
demolido e não ficou pedra sobre pedra... Era por causa dele (o Templo) que
tinha sacerdotes, levitas, sacrifícios, dízimos... Hoje o sacerdócio é de todos
os crentes, “vós sois o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido para
que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”. A Bíblia nos diz que o nosso corpo é o templo do Espírito
Santo, ou seja, a habitação de Deus.
No início a igreja (aqueles que creem
em Cristo, chamados salvos) reuniam-se nos lares, não construíram templos,
dizem que porque eram perseguidos (e eram mesmo). Então Constantino (Imperador
Romano), para revitalizar o Império, deu os primeiros passos para oficialização
do cristianismo como religião de Roma. Desgraça cristã, pois começou a tomar a
forma pagã, com templos suntuosos, sacerdotes, hierarquias... Séculos depois
Lutero, Zuinglio e Calvino, entre outros, promovem a Reforma, que não foi
completa, não nos afastamos dos templos, dos altares, dos sacrifícios e das
ofertas alçadas, e dízimos para sustentar essa forma pagã de igreja. Mas já foi
alguma coisa...
Ainda temos tempo, alguma coisa
está acontecendo. Grupos nos lares, células, grupos familiares, “crentes sem
igreja”, creio que o Espírito Santo está atuando de forma a resgatar a essência
do que seja uma igreja de verdade, onde não haja grande ou pequeno, rico nem
pobre, onde “todos tenham tudo em comum” e “ninguém tenha falta de nada”. Não se
iluda, não pense que todo movimento diferente é herético. Não pense que só
aqueles que fazem parte da sua igreja são salvos. Aliás ser membro de igreja
não garante salvação a ninguém, Salvos são aqueles alcançados pelo misericórdia
e graça Divinas, reconhecedores de sua miséria e condenação por causa do
pecado, e da maravilhosa obra de Redenção realizada por Jesus Cristo, que o
recebe pela Fé e andam em novidade de vida.
Não os membros da “primeira
igreja batista”, ou de outra qualquer...
Tito Mendes