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sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

"Se Tu Queres um Amigo, Cativa-me"

Semana passada eu li um dos grandes clássicos da literatura mundial: “O Pequeno Príncipe” de Antoine de Saint-Exupéry. Nunca tinha levado a sério um título que fala de um menino que vive em um pequeno planeta que, de tão pequeno não abriga quase nada, e que, em poucos passos dá-se a volta no pequeno planeta.

Mas uma obra que encontra-se em terceiro lugar na literatura global, atrás apenas da Bíblia e da obra de John Bunyan, “O Peregrino”, conhecedor e leitor das duas primeiras, não poderia continuar sendo desprezada por este leitor. Sendo ainda uma obra pequena e de fácil leitura, menos de 50 páginas, quero deixar claro que sua leitura, não apenas não me decepcionou, mas marcou por demais o meu ser.

Em meio aos diversos personagens que passam pela vida do pequeno príncipe, com os quais você talvez se identifique com alguns, um que tocou-me no cerne foi a raposa.

O diálogo com a raposa é magistral e este capítulo, com certeza, o coração do livro. Capítulo que fala de amor, na verdade o termo usado pela raposa é “cativar”. O menino que procurava amigos encontrou uma raposa, carecendo ser cativada. “Eu não posso brincar contigo, não me cativaram ainda”.

O que o menino procurava distante estava bem ali na sua frente, a oportunidade de algo que realmente importa, fazer um novo amigo. “A gente só conhece bem as coisas que cativou”. Cativar é a maneira de tornar único aquilo que é comum, um entre cem mil, ou, como se diria hoje, um em um milhão.

Creio que em épocas cibernéticas como as atuais e das amizades virtuais ecoa a sentença da raposa: "Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos”, mas entre tantos, cerca de 6 bilhões de homens que habitam hoje a face de nosso planeta, talvez haja alguém bem perto a suplicar: “Se tu queres um amigo, cativa-me!"

Mas cativar é um engenho laborioso, é preciso dedicação, paciência, ritos. Uma linguagem própria, a do amor, as palavras são, muitas vezes, “uma fonte de mal-entendidos”. Mas, tudo o que é trabalhoso trás recompensa. Só após cativar podes aprender alguns segredos essenciais a uma boa existência, fundamental pra quem busca felicidade.

1 – “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos”. Você já ouviu alguém dizer? - Não sei o que Maria viu no João... Maria cativou João, e João cativou Maria, pois viram-se com outros olhos.

2 – “Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante”. A rosa é a pessoa que cativou ou foi cativada, não existe tempo perdido, mas tempo de cativar, ou seja, dedicação.

3 – “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Isso é realmente forte. Cativar é ter responsabilidade, é ser responsável pela pessoa amada. É estar presa, amarrada, é criar laços. É não querer ser livre. É como cantávamos em uma antiga canção: “cativar é amar...”

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