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terça-feira, 8 de setembro de 2020

Porque eu não me reúno na Igreja

 Reunião da Igreja, Reunião na Igreja, Reunião em Igreja. Reunião, Igreja.

Em seu sentido original “ekklesia” em si mesmo significa “reunião”, “assembleia”. Era termo usado na democracia ateniense, significando uma convocação aos cidadãos para, saindo de suas casas, reunirem-se na praça (ágora) e deliberar sobre assuntos da cidade (pólis).

O termo foi apropriado pelos escritores Neo-Testamentários para significar a reunião do povo de Deus, os primeiros cristãos convertidos reunindo-se eram assim chamados “igreja”.

O povo reunido é igreja, ainda em seus primórdios os primeiros cristãos chegaram a reunir-se no Templo de Jerusalém, porém com a perseguição inicial provavelmente abandonaram essa prática.

Seja no Cenáculo, na casa de Áquila e Priscila (Rm 16. 3-5), na casa de Ninfa (Cl 4. 15), na casa de Filemon (Fm 1. 1-2), numa praça pública, à sombra de uma árvore, dois ou três, ou cinquenta, desde que cada um possa deliberar, cooperar e compartilhar, exercendo assim o sacerdócio universal, isso é igreja.

A igreja não se reúne, a igreja é a reunião. A igreja não se reúne no templo, aliás Templo (o Templo de Jerusalém, é o único e verdadeiro templo outorgado pelas Escrituras e que não existe mais) de Deus e Casa de Deus é o povo de Deus, não nenhuma estrutura seja de pedra ou alvenaria, ou de qualquer outro material.

A igreja do Novo Testamento não é local de show, de apresentações teatrais ou circenses, de espetáculos pessoais, de exibição de talentos, ou de exibição de boas retórica e oratória, não é local para se exaltar o indivíduo, mas unicamente a Deus.

Só o povo de Deus reunido é igreja, e só é igreja quando a participação e colaboração é franqueada a todos, conforme os ensinamentos do Novo Testamento, a igreja é o local exato para cada crente exercer seus dons espirituais e edificar o outro irmão, consolá-lo, ampará-lo e comissioná-lo em suas missões de auxílio e pregação do Evangelho.

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Erro de Concordância

 

Quando estávamos aprendendo a falar, enquanto falávamos com papai e mamãe tudo era bonitinho. Até uma palavra feia que saia da boca de um bebê é motivo de aplausos. Mas logo começamos a nos comunicar com os outros, a escrever o que está em nossos corações. Então começamos a errar, alguns por dislexia, que o diga o Cebolinha, outros pelas complicações da gramática, porque foram inventar o cê cedilha? E porque o xis tem tanto som diferente? Um esse dois esses... Ainda tem essa tal de conjugação verbal, é tempo, é modo... Primeira conjugação, segunda, anômalos, defectivos...

Então, quando pensamos dominar minimamente estas coisas nos apresentam os erros de concordância. Veja por exemplo o texto a seguir: "Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus."  (Mateus 18 : 19). O editor de texto me diz que “concordarem” não é a forma correta e me sugere “concordardes”, concordando o verbo com o pronome “vós”, quando na verdade este concorda com o numeral “dois” que é o núcleo do sujeito.

Agora me diz uma coisa, quando é que dois concordarão na terra num mesmo ambiente social ou em um mesmo grupo, ainda que religioso? Cada ser humano é único, um complexo conjunto de erros, vícios e defeitos e que se julga justo, correto e centro do Universo. Como os polos idênticos de barras magnéticas, auto repelentes, sem possibilidade de coesão.

Sem fazer parecer que o texto citado seja genérico, o que não é, a continuidade deste (versículo 19) apresenta o ponto de coesão, "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em Meu Nome, aí estou Eu no meio deles."  (Mateus 18 : 20 – grifo meu). Só com Jesus no meio, haverá a composição da concordância, direção e unidade de pensamento, mas, infelizmente, isso não se dá de forma automática, imediata. Existe um caminho a ser percorrido por cada indivíduo.

Os primeiros passos devem trilhar a estrada do “reconhecimento”. “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado.” (Salmo 32 : 3-5).

Precisamos reconhecer que o principal problema da falta de concordância está em nós mesmos, seja em reconhecer os nossos erros mais bem escondidos, ou daqueles que projetamos nas outras pessoas, mas que são efetivamente reflexos dos nossos, e até mesmo aqueles que são mais evidentes, pelos quais damos como desculpa que “Deus me aceita do jeito que eu sou”.

Em seguida deve-se pisar a vereda da “resignação”. "Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;" (Mateus 16 : 24). Cabendo então a busca de uma nova maneira de viver, renunciando as velhas práticas, os velhos princípios.  Deixando de dar importância às antigas futilidades, despindo-se do mal que nos dominava (leia Colossenses 3 : 5-6).

Por fim deve-se seguir o caminho da “substituição”. "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."  (Gálatas 2 : 20). Nossos objetivos, nossas metas, nossos propósitos não importam mais. Cristo morreu para que nossos erros morressem com Ele. Ele também ressuscitou, para que Ele viva em nós.

A nossa vida não é mais nossa, “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.” (Colossenses 3 : 1-3). A nossa vida é dEle, é do nosso próximo (leia Mateus 22 : 34-40).

Se a Ele pertencemos, com Ele concordaremos e também com aqueles que, em Seu Nome, estão conosco reunidos. Assim concordaremos em amar, em perdoar, em ajudar o necessitado e em servir a Jesus. Então, no fim dos tempos, ouviremos dEle: "(...) Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;"  (Mateus 25 : 34).

Caso contrário você será um simples erro de concordância.