Páginas

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Ser ou não ser pastor


Fui pastor ordenado conforme o sistema religioso de uma denominação evangélica tradicional. Desde sempre questionava dentro de mim determinadas ordenanças compartilhadas em nosso meio, como por exemplo, a “fidelidade na entrega dos dízimos” com suas consequentes bênçãos, a filiação obrigatória a uma igreja denominacional, caso contrário não seria possível considerar-se “crente” e, consequentemente, salvo, a frequência regular ao culto dominical, entre outras coisas que fazem parte do espectro sagrado cristão.
Hoje, livre das amarras da religião institucional, sinto-me a vontade para falar de coisas que se fazem necessárias, e que todos precisamos e devemos saber. Não falo o que falo para que as pessoas abandonem as instituições religiosas, mas para que aquelas que têm uma experiência com Jesus, mas não fazem parte de um sistema religioso, não se sintam perdidas nem sozinhas. E também para que não sejam facilmente enganadas por qualquer um que as queiram arrebanhar para que façam parte de seus números também.
O assunto que trago agora é bastante delicado e sei que talvez ofenda a alguns, mas preciso trazê-lo. Ser pastor é bíblico ou não? Vi muitos crentes usando as palavras de Davi em relação ao pastor moderno que não se deve tocar no ungido do Senhor (1 Sm 26. 9-11; Sl 105. 15), porém, no Velho Testamento, Ungido é o Rei. Da mesma forma quando se usa a palavra pastor ou pastores se refere aos reis de Israel, exceto no Salmo 23 em que o Pastor é o Senhor de Davi, que também está declarando que o SENHOR (Deus) é o seu Rei.
A palavra pastor também é usada profusamente, tanto no Velho quanto no Novo Testamento para dar significado a um serviçal que cuidava de rebanhos que não lhes pertenciam, algo já abordado na postagem anterior. Portanto, pastor era um servidor que tomava conta de pequenos rebanhos, geralmente não mais que 30 ovelhas e que, se fosse muito bom, o Senhor o colocava a cargo de outros rebanhos e ainda que, caso chegasse à conta de uma centena tinha por direito a posse de uma das ovelhas de seus rebanhos, mas se perdesse uma por qualquer motivo, teria perdido aquela que contava como sua. Coisa que não se pode aplicar a quem se denomina pastor nos termos modernos, pois todos concordamos que as ovelhas do rebanho de Deus (igreja) pertencem única e exclusivamente a um único Pastor (Ec 12. 11; Jo 10. 10; 1 Pe 2. 25).
Fora dos Evangelhos, o termo pastor aparece três vezes em apenas dois textos bíblicos e, só se refere a um líder espiritual no livro de Hebreus (Hb 13. 7 e 17) a outra passagem se refere ao próprio Senhor (1 Pe 2. 25), as outras palavras usadas pela teologia moderna para dar sentido ao pastor de nossos dias são ancião (ou presbítero – transliteração do termo grego que tem como significado pessoa idônea, experiente, ou de idade a que se deva respeito) e bispo, que é uma latinização do grego “epíscopos” que significa supervisor ou cuidador.
De nenhuma forma vemos nos textos do Novo Testamento a designação de um líder único na igreja local, são diversos presbíteros ou diversos bispos em cada igreja local (At 11. 30; 14. 23; 20. 17; I Pe 5. 1 e outros), nem mesmo que sejam remunerados (At 20. 33; 1 Co 9. 14-18; 11. 1; Fp 3. 17). Na verdade a igreja tem um só Líder, o único Senhor (Ef 4. 5), o único Cabeça da igreja (Ef 5. 23).
Conforme a leitura de Efésios capítulo 4, o exercício pastoral nada mais é do que o exercício de um dom espiritual tal como o apostolado, a evangelização, a profecia e o ensino, não são cargos, mas ofícios, não vêm de formação acadêmica, mas por dom do Espírito Santo, ou seja, qualquer que Deus assim designar exercerá o ofício pastoral sem necessidade de cursos em seminários teológicos, ou qualquer outra instituição de ensino, da mesma forma não pode nem deve exigir qualquer compensação pelo exercício do dom, muito pelo contrário, deve devolver sempre mais do que recebeu (Mt 25. 20).
O pastor moderno não é bíblico, pois inibe o sacerdócio universal, o acesso direto a Deus e suas bênçãos, torna-se um intermediário em pé de igualdade com o padre católico ou os fariseus e sacerdotes da religião judaica dos tempos de Jesus, um mero sacerdote, algo já abolido pela Nova Aliança. Muitas vezes, sabendo ou não, são lobos cruéis (At 20. 29), mercenários (Jo 10. 12), falsos mestres de palavras fingidas (2 Pe 2. 1-3). Outras vezes até são pessoas bem intencionadas, mas que carecem de conhecer plenamente a Palavra de Deus, pois enxergam a fé com os óculos da religião.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

A igreja não é minha


Ouço frequentemente citações do tipo: “onde fica a sua igreja?”, “a minha igreja é muito animada”, “eu sou da igreja do pastor Reivaldo”, “eu sou ovelha do pastor Marionildo” ou o pastor do púlpito diz: “minha igreja” ou “minhas ovelhas”. Reviro-me dentro de mim sempre que ouço algo parecido com isso, pois de quem é realmente a igreja? Ou de quem são as ovelhas?
A Igreja não pertence a homens, não foi fundada por homens, foi fundada Pelo Espírito de Deus no dia de Pentecostes, sob a promessa do próprio Jesus. A Igreja não é apostólica, pois não foi fundada pelos apóstolos, a Igreja não tem denominação, aliás se há alguma denominação para a Igreja é “esposa de Cristo” (Ef 5. 21-33), “igreja de Deus” (1 Co 10.32 e outros), “congregação dos santos” (Sl 149. 1), mas nada registrado em cartório, apenas conforme registrado na Bíblia.
Pra começarmos a entender este problema percebemos que nenhum apóstolo declarou a igreja como sua. Não há nas cartas de João, Paulo, Tiago, Pedro ou Judas declaração de propriedade da igreja como sua, nem em Hebreus, nenhum deles ousou usar a expressão “minha igreja”, ou mesmo “minhas ovelhas”. O mais perto disso usado pelos apóstolos foi “filhos na Fé” (1 Tm 1. 2) ou “filhinhos” (Gl 4. 19; 1 Jo 2. 1 e outros), creio que com o mesmo sentido do anterior.
Jesus é o único nas Escrituras Cristãs a assumir um papel possessivo sobre a Igreja quando diz: “... edificarei a minha Igreja” (Mt 16. 18), ou mesmo sobre o rebanho quando diz: “as minhas ovelhas ouvem a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10. 27), e não se contradisse quando orientou ao apóstolo: “Pedro, tu me amas?... apascenta as minhas ovelhas” Jo 21. 16-17). Ou seja, é sim Pedro quem apascenta, mas as ovelhas são de Jesus. E Pedro nunca disse o contrário. Aliás, na Palestina dos tempos de Jesus, os pastores não eram donos de ovelhas, mas serviçais dos fazendeiros, estes sim, senhores e donos dos rebanhos.
O que expressamos pela nossa boca se não expressa o que está dentro de nós acaba por nos definir. Tenhamos o devido cuidado de declarar apenas o que glorifique ao Senhor, e não a nós. “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” Sl 19. 14.


sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Eu estou morrendo – Minhas últimas palavras



Quantos de vocês já não assistiram a um filme, ou leram um livro, em que alguém que tinha algo importante pra dizer à beira do momento final tenta balbuciar algumas palavras, mas, ou não se faz entendido, ou não tem tempo suficiente pra dizer o que precisa? Por esta razão quero deixar de livre vontade e em pleno gozo de minhas faculdades mentais este testamento, contendo minhas palavras finais a minha esposa, filhos e amigos.
Eu estou morrendo. Sim, estou morrendo, e é por isso que preciso deixar minhas últimas palavras enquanto ainda resta algum tempo, não tenho certeza de quanto tempo eu ainda disponho, mas encontro-me em estágio avançado, por favor, não se entristeça, minha partida está de acordo com a vontade do Soberano. Ele preparou cada um dos meus dias para que eu vivesse da melhor maneira possível, permitiu-me usufruir de cada um deles conforme minha vontade e, talvez por abusar um pouco destes poucos dias, não permaneça por mais tempo aqui.
O mais importante é que tenho consciência que estou prestes a morrer, lembro-me quando recebi o diagnóstico, Dr. Paulo deixou bem claro pra mim: “você está morrendo em função de suas faltas e de sua vida desonrosa” e, “a recompensa pelos seus erros é a morte”. Logo que soube disso decidi viver os poucos dias que me restavam sob os cuidados do Médico Maior, não o Dr. Paulo, mas Àquele que ele recomenda a todos os seus pacientes, o Médico dos médicos. Assim me disse ele, “o remédio gracioso do Soberano é a Vida Eterna em Cristo Jesus”.
Eu não sei se você já sabe, mas também está morrendo, “por meio de uma pessoa entrou a maldade no mundo e por ela a morte, então a morte passou a todas as pessoas, pois todas pecaram”. Nós nascemos doentes, nascemos pecadores, por isso já nascemos condenados a morrer. Eu, que já vivi mais de cinquenta anos não sei se viverei outros cinquenta, provavelmente não, por isso sei que estou morrendo… E você, sabe?
Quando um médico diz a alguém que está condenado à morte, por uma doença grave, como o câncer, por exemplo, duas possibilidades se abrem a esta pessoa, olhar isto como uma oportunidade para viver o melhor possível os últimos dias que lhe restam ou lamentar amargamente por cada dia até a chegada da morte, é claro, há sempre uma terceira opção, fingir ignorância, mas isto não é uma opção, ou você é ignorante ou é consciente. Ou seja, a consciência da morte gera Vida, ou morte.
Certo profeta resolveu desobedecer ao Soberano, virou-lhe as costas, embarcou em um navio e tentou fugir para o mais longe possível, neste navio prestes a naufragar ele dormia, literalmente dormente, no porão esperando a morte. Após experimentar, de certa forma, o sabor da morte no fundo do abismo, teve dó até mesmo de uma trepadeira que se secou ao sol no fim do dia. Ele experimentou a morte para se sentir vivo. A Palavra nos ensina morte é distância de Deus e Vida é Jesus, é o Evangelho, é a Boa Nova de Salvação.
Sim, eu estou morrendo mas se hoje “morremos em Cristo é certo que viveremos nEle”. Não há nada que eu possa fazer para evitar a minha morte, mas há algo que eu posso fazer pra viver a Vida Eterna, Vida que vai além desta vida corrompida que vivemos hoje, infectada pela maldade inata de nossos corações. Morro em Cristo e vivo nEle, pois Ele me disse: “aquele que crê em Mim, ainda que esteja morto viverá, e todo o que vive e crê em mim, jamais morrerá, você acredita nisto?”
Não preciso dizer mais nada.
Nota – Os textos entre parêntesis e as referências são uso livre dos textos relacionados abaixo:
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), Efésios 2:5
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Romanos 3:23
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 6:23
Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. Romanos 5:12
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos; Romanos 6:8
Livro de Joel – Velho Testamento
Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; E todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá. Crês tu isto? João 11:25,26

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Quem não entende demoniza


Na mais obscura das eras, não comungar com a cultura religiosa oficial era, no mínimo, uma grave heresia, mas na maioria das vezes, eram estes considerados tão filhos do diabo que tinham por único mérito o fogo da inquisição. É claro que não vivemos dias de inquisição, porém vivemos dias em que muitos falam coisas que oscilam entre a difamação e a blasfêmia, portanto precisamos estar alertas quanto a tudo o que falamos, pois as palavras ficam, marcam, ferem e causam dor. Mais ainda se for a respeito da fé, pois aí está maior responsabilidade (Mateus 12.36).
Nós (os que fomos apelidados de desigrejados) temos sido acusados de sermos ressentidos com a instituição religiosa, de termos mágoas com líderes diversos, de não concordarmos com os dízimos, com o enriquecimento de pastores, de não querermos nos submeter a uma liderança religiosa ou algo assim, pode até ser que alguns destes tenham passado por situações que levem a estas conclusões, porém a maioria de nós querermos apenas a prática do Evangelho simples, bíblico, não governado por homens mas pelo Rei dos reis e Senhor dos senhores, Jesus Cristo.
Porém ser chamado de “satanista” ou de “macumbeiro” torna-se preocupante. Ao adentrarmos por este caminho abandona-se a busca da unidade e descamba-se ao caminho da intolerância. De quem não conhece o Caminho da Vida, de quem está morto sob o domínio do pecado, que vive sua própria jactância, não se pode esperar grande coisa, mas daquele que se diz cristão, evangélico, crente, que diz crer no Senhor Jesus como Salvador de sua alma, falar coisas assim é puro vitupério, e não é contra a pessoa, mas contra a pessoa de fé, o que torna-se em ato contra o próprio Jesus, que se coloca em nosso lugar, não obstante somos chamados “cristãos” (pequenos Cristos).

“Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem; Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo (Porque diziam: Tem espírito imundo).” Marcos 3:28-30
“Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado.” Mateus 12:36
“Se alguém se considera religioso, mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. Sua religião não tem valor algum!” Tiago 1:26

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Igreja Hedonista


Você se lembra porque procurou a igreja? Você ou alguém que você ama estava muito doente, perdeu alguém muito próximo, precisava salvar o casamento, estava com dificuldades de arrumar emprego ou em grande dificuldade financeira. Talvez estivesse solitário, em estado depressivo, precisando de amigos, infeliz no trabalho, ou mesmo buscando o sentido da vida. Você foi ao local certo, à igreja. Pois foi lá que lhe ofereceram a cura das enfermidades, a alegria do espírito, a restauração conjugal, a prosperidade…
E lá você tem encontrado momentos de alegria de festa, grupos alegres a cantar e tocar instrumentos, pastores eloquentes a fortalecer o seu ego, jogando você pra cima, dando propósito e sentido para sua vida. Lá você tem encontrado oferta de programas diversos, ministérios específicos, alguns dos quais você pode até ser líder, algo que fora dela você não teria a menor chance… Você está bem suprido na sua igreja, farto, saciado. Nada lhe falta.
Tudo isso significa sucesso espiritual, certo? Não creio. Uma expressão na Bíblia tem em si o significado de sucesso espiritual, é a expressão “bem aventurado” que, por vezes, equivocadamente é traduzido também por “feliz” ou “muito feliz”, mas traz em si, dos originais, o sentido de “bem sucedido”, que avança na caminhada, como o exército que avança no campo de batalha. E esta expressão não tem ligação com aquilo que entendemos de sucesso no mundo em que vivemos, principalmente nas Palavras de nosso Mestre, Jesus.
No Sermão do Monte, Jesus aponta o caminho do sucesso espiritual. Bem aventurados os pobres de espírito, os que choram, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os que sofrem perseguição, que são injuriados e caluniados (Mateus 5. 1-12), e Jesus conclui da seguinte forma: “Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus”, a recompensa nem é aqui, é nos céus. Em outro lugar Jesus diz assim, “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (João 16.33), não devemos desanimar com os problemas e dificuldades pelas quais passamos pois Ele passou pior por nós, sem contar que alguns de nossos sofrimentos são consequências de nossos próprios erros.
Então o que a igreja deveria oferecer? Refúgio. O juízo se aproxima, a condenação é certa, a igreja deve ser o refúgio. Como a Arca no dilúvio, a tempestade angustiante bateu por 40 dias, com certeza a chuva não era música para os ouvidos, o pavor dos animais e, até mesmo das pessoas que ali estavam não era colírio para os olhos, mas ali houve refúgio, salvação do Juízo Divino.
A igreja deveria ser local de choro e lamento, choro pelos nossos entes queridos que ainda rejeitam a mensagem de salvação, lamento pelos nossos amigos que desprezam a Palavra de Deus, e por todos os que ignoram o Juízo, pois ele vem. A igreja deve apontar em apenas duas direções, ao Deus Justo e Juiz e ao Cristo Amoroso e Redentor. Ao homem nada mais resta senão morrer, morrer pelos seus pecados herdando a condenação eterna (Apocalipse 20.12-15), ou morrer para os seus pecados, herdando assim a Vida Eterna (João 3.16-18, Romanos 6.23).

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

O primeiro Jejum


Em outra ocasião eu havia dito que o primeiro a jejuar teria sido Moisés, conforme o relato bíblico (ver A Origem da prática do Jejum). Meditando sobre outros assuntos cheguei a uma conclusão diferente, o que será abordado mais à frente. Porém quero começar relatando que encontrei em uma de minhas buscas um documento orientando a como começar o seu jejum, sim, um guia detalhado para que você possa praticar o seu jejum de forma correta e alcançar os resultados esperados. Assunto controverso o do jejum porém, creio que não faz de ninguém mais santo, ou que confira algum tipo de crescimento espiritual, mas que tem o seu momento e impacto na vida do crente.
Na era antediluviana não há menção de práticas religiosas como as conhecemos hoje, nem mesmo algumas práticas mencionadas mesmo por Moisés, como sacrifícios, edificação de altares, ou de locais de reunião sacerdotal, o que mais se aproxima disso é a menção em Gênesis 4. 26b que diz: “então se começou a invocar o nome do SENHOR”, o que muitos acreditam tratar do início de um culto a Deus, com prática do sacerdócio familiar, e que, a família de Enos, seus descendentes seriam os “filhos de Deus” citados no capítulo 6 deste mesmo livro.
Conforme as conclusões acima Noé teria sido o primeiro pregador, e de uma mensagem apocalíptica (2Pe 2.5). Noé cuidou de sua família, ainda que a Bíblia não mencione, ele por certo convenceu sua família em relação ao que tinha recebido de Deus. Ele tinha palavras difíceis de se crer, não passariam 120 anos sem que toda a humanidade fosse subvertida por um dilúvio e, que eles deveriam construir uma obra gigantesca que os resguardasse e também a uma boa parte da criação (animais que têm em si o fôlego de vida, Gn 7.15, segundo Adauto Lourenço, que respiram pelas narinas). Noé era então como um pastor naquela igreja familiar e simples.
Creio que, até o momento de entrar na Arca, Noé sentia-se seguro e confiante que aquele que achou graça aos Seus olhos, o guardava, pois o havia dado forças para suportar o trabalho árduo, as chacotas dos incrédulos, a zombaria dos infiéis e, até mesmo, os momentos de dúvidas daqueles que estavam aos seus cuidados. Porém, a partir do momento que entra na Arca, e esta é selada por fora, e começa a chover como nunca antes havia chovido, não consigo imaginar um Noé tranquilo.
Quem já morou em uma casa de telha de amianto fina que, tarde da noite, ao cair da tempestade, o barulho incessante na cabeça, as panelas espalhadas a colher goteiras, o pano na porta pra não entrar a água, que tenha conseguido dormir tranquilo? Noé e sua família nunca tinham visto chuva igual, dava pra ouvi-la no topo da Arca, dava pra sentir o balanço e agitação das águas, a agonia dos animais, e isto por 40 dias. Creio que, ao menos por estes 40 dias, humanamente apavorado, Noé orava e suplicava a Deus pelos que estavam sob sua responsabilidade e pela sua própria vida, pois o que via era resultado de um Deus decepcionado com uma humanidade má e perversa. Não vejo Noé preocupado com comida por todos os dias de chuva, mas orando a Deus, cuidando de sua esposa, de seus filhos e tentando de alguma forma acalmar os animais inquietos.
Depois, por 11 meses e 20 dias, houve descanso. Noé descansou da construção da Arca, descansou de sofrer os infiéis e incrédulos, descansou das dúvidas da esposa e dos filhos, descansou dos animais que, agora, hibernavam em sua maioria. Comeu, bebeu e celebrou a Redenção. Ao sair da Arca constrói o primeiro altar, aqui sim iniciando o culto patriarcal, seguido por Abraão e seus descendentes. Portanto, Noé foi o primeiro a jejuar.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Porque o crente não precisa ir à igreja


Não tem como ser crente sem ser membro de uma igreja. Este é um pensamento comum e aparentemente inquestionável. Porém há algum tempo tem surgido grupos cristãos que tem sido denominados de “desigrejados”, pessoas que se recusam a participar de uma instituição religiosa dizendo não ser tal prática necessária a quem deseja ter um relacionamento com Deus.
Será isto verdade? Será que para ser um filho de Deus temos de estar afiliados a uma denominação cristã? Temos uma cultura cristã milenar com práticas estabelecidas, nascemos num ambiente em que, para nos denominarmos cristãos precisamos nos enquadrar em práticas e costumes, como por exemplo, ser batizado, frequentar uma igreja, participar de cultos solenes, de celebrações de comunhão, partir do pão e participar do cálice, entre tantos outros.
A Bíblia, mais especificamente as Escrituras Cristãs, o Novo Testamento e todo o embasamento das Escrituras Hebraicas, ou Velho Testamento são (devem ser) o único fundamento da prática de vida cristã. Ela norteia a Fé. As Escrituras Hebraicas nortearam a vida religiosa a partir do Tabernáculo, do Sacerdócio e do Sacrifício, Tabernáculo substituído posteriormente pelo Templo de Jerusalém, símbolo da presença de Deus na terra, sede da religião Israelita e da Judaica dos tempos de Cristo.
O tabernáculo / templo foi o local de propagação dos mandamentos divinos e da fé, de consulta a Deus e de sacrifício pelos pecados, considerado casa de Deus, porém foi perdendo importância em função da hipocrisia praticada em seu interior, “assim diz o SENHOR: o céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR: mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra. Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz a um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações.”, Isaías 66.1-3.
Claro que para o homem o templo sempre teve importância, e sempre terá, pois este é uma instituição que exige uma hierarquia, o sacerdote, o levita, o clero, o líder religioso. Creio que por esta razão, ao ser lembrado da imponência do símbolo da religião judaica, Jesus sentenciou que ali não ficaria “pedra sobre pedra”, Mateus 24.1-2, e Jesus completa: “que não seja derrubada”, significando que aquilo era uma estrutura falida, incapaz de levar alguém verdadeiramente à presença de Deus.
Muitos acham que encontram adoração nos templos, na verdade o que se encontra ali é teatro, exibição e controle. Raros são os momentos de comunhão genuína, de auxílio espiritual, de apoio ao necessitado, de amparo aos famintos e doentes. E quando parece que esses assuntos são importantes, são seguidos de pedidos vultuosos de dízimos e ofertas. Aliás, parece que Deus é tão pobre, precisa tanto de dinheiro, que isto se torna o assunto mais importante numa reunião eclesiástica.
Outra nota importante que Jesus nos deixa a respeito do assunto é quando ele responte a samaritana, dizendo que não era no templo de Samaria nem no de Jerusalém o local de adoração, mas no espírito, “pois importa que os que adoram a Deus o adorem em espírito e em verdade”, João 4.23-24. Nada poderia ser mais claro que esta declaração, aqui o templo deixa de ser o centro de adoração, deixa de ser a referência. Os apóstolos completam nos ensinando que não precisamos mais de mediadores, que todos somos sacerdócio real, que não precisamos que ninguém nos ensine, pois a Unção nos ensina, 1 Timóteo 2.5, 1 Pedro 2.9, 1 João 2.27.
O problema de fato não é que se possa adorar no templo (igreja), é que só se possa adorar no templo, não é verdade. Uma reunião familiar representa mais a igreja de Jesus do que um templo repleto de gente. Uma dúzia de pessoas reunidas, que se conhecem pelo nome, que se ajudam, que riem e que choram juntos, que comem juntos, que amparam aquele que for necessitado, estão mais próximos dos propósitos do Mestre do que um grupo de centenas, ou até milhares de pessoas, que não conhecem aquele que está ao lado, que ignoram seus problemas, que se alegram na banda musical e que choram com a eloquência do pregador.
Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos”. Isaías 57.15.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Da Simbologia à Hipocrisia



A religião sempre foi acompanhada de pompas, vestes, composturas e ritos, e ainda hoje é assim. Quem não põe sua melhor roupa, e não usa seu melhor perfume antes de sair de casa para participar de seu culto religioso? Quem não cumprimenta o próximo com a devida saudação “A PAZ DO SENHOR, IRMÃO”? Assim foi e assim tem sido em todo ambiente religioso. Os clérigos com suas pompas, suas vestimentas destacadas, a gravata do pastor, a saia longa da obreira, o coque da irmã.

Na verdade somos herdeiros das religiões antigas, o sacerdócio hebreu, com seus mantos de linho azul, seus turbantes e ornamentos, suas mitras, suas práticas de sacrifícios, rituais litúrgicos, convocações solenes, orações e jejuns. Tudo como fruto de uma simbologia de adoração ao Deus Santo e Justo, cuja presença abomina a impureza e o mal. Cuja presença percebia-se preciosa, como as pedras engastadas no peitoril. Adoração a Deus que provia as necessidades, mas que para lembrar a possibilidade de escassez oferecia-se os jejuns.

Assim também procederam os fariseus, os saduceus, os essênios, seitas de práticas religiosas contemporâneas de Jesus, que por símbolo representavam sua tristeza, sua santidade, seu legado. Porém tais práticas levam a caminhos escuros, tais rituais insinuam uma raça especial, uma categoria superior, uma santidade mais elevada, se me permitem a redundância.

A Didaquê, documento mais antigo do cristianismo, fora da Bíblia, faz uma recomendação com base em uma referência específica, que o crente devia jejuar em dias diferentes dos hipócritas (judeus), Didaquê cap. VIII. Não estariam assim entrando também em um caminho de hipocrisia?

Decerto que, se nos dirigimos a um lugar que exija solenidade, não podemos nos apresentar de qualquer maneira, como se diz, “diante do juiz, não pode apresentar-se mal vestido”. Mas até onde vai o limite da compostura? Então não teria acesso ao juiz aquela viúva pobre? Não creio que ela tivesse uma bela roupa, sendo o juiz tão impiedoso…

Somos todos hipócritas quando julgamos nossa espiritualidade maior que a do outro, quando achamos que nossas práticas nos justificam mais que a dos outros, quando deliramos pensando que nosso grupo religioso é mais correto que o do outro, quando dizemos que lemos mais a Bíblia, quando propagamos que oramos de madrugada, ou quando convocamos nossos jejuns ou convidamos “visitantes” para nossas celebrações cíclicas e engordamos nosso orgulho contemplando nossos salões lotados ou nosso público exuberante.

Não consigo ver Jesus em palanques refrigerados, com roupas de grife, proferindo um sermão como o do Monte, a um grupo de pessoas refinadas, bem vestidas e perfumadas em poltronas de primeira linha, com som ambiente, suave e harmônico, harpejado por levitas profissionais e um coro “celestial”. Vejo Jesus à beira do caminho, ou sentado na grama, com pessoas simples, crianças remelentas, pobres trabalhadores fedidos e Ele, sorrindo e dizendo - “Não sejam como os hipócritas”.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Veio a Quem a Palavra do Senhor?


Uma elucubração a respeito dos falsos profetas
Vivemos em um mundo cheio de pregadores estilosos e mensagens empolgantes. Essa é a era magna do discurso e da aparência. Muita gente parece boa, muito discurso parece certo, mas certamente é bonito. Por isso há necessidade de se avaliar o que é certo ou não em meio a tantas opções. Será que tudo que ouvimos é a palavra de Deus? Será que todos estes pregadores são profetas dignos de audição? Creio que não podemos dizer que sim. A segunda carta de Pedro nos diz que, assim como houve falsos profetas, haverá falsos mestres, 1 Pe 2. 1. Como podemos então distinguir o que é falso do que é verdadeiro?
A Palavra nos diz que devemos provar os espíritos (1 Jo 4. 1). Para tanto precisamos saber o que é um profeta. Um profeta é aquele que: é chamado por Deus, 1 Samuel 3. 1; aceita de bom grado, Isaías 6. 8; reconhece suas limitações, Jeremias 1. 4-9; recebe capacitação plena de Deus, Ezequiel 2. 1-10 e não vive do título de profeta, Amós 7. 14-15; Atos 20. 33. Precisamos também saber que todos somos sacerdotes, reis e profetas quando estamos cumprindo os propósitos de Deus, pois o ministério da fé, nos dias de hoje, é para todos, não é algo exclusivo a alguns (1 Pe 2. 9-10).
Porque então existem falsos profetas, por que Deus os permite?
Deus os permite para que, por meio deles, sejamos provados (Dt 13. 3). Não para que Ele conheça quem é fiel ou não, pois Deus conhece nossos pensamentos e intenções, mas para que nós mesmos conheçamos quem somos, se temos maturidade para discernir o bem, e não somos levados por qualquer vento de doutrina que aparece. A prova portanto é para nós.
Qual é a sua mensagem?
Os falsos profetas proferem mentiras (Jr 23. 25-26), Falam de coisas não ditas por Deus, distorcem a Palavra de Deus, fortalecem a mão dos malfeitores (Jr 23. 14), incham as almas inconstantes (2 Pe 2. 14), inflamam de desejos superficiais aqueles que buscam alguma verdade (2 Pe. 2. 18). A mensagem da moda é prosperidade e saúde, como se a morte e a pobreza pudessem ser evitadas (Hb 9. 27-28; Mt 6. 19-21).
O que levam as pessoas ao caminho da falsa profissão religiosa?
O primeiro motivo é a atratividade (At 20. 30), a busca pela sensação de liderança, a síndrome do pastoreio: “tenho minhas ovelhas, eu sou pastor, bispo ou apóstolo”. Outro motivo é a demonstração de poder (Mt 24. 24), curas, sinais, indumentária, “palavras mágicas”, mantras, gestos especiais, cumprimentos distintivos com o objetivo de destaque e de proeminência. E, talvez, o pior de todos, a motivação financeira (Mq 3. 11; 2 Pe 2. 3), a usura, a cobiça e o amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males (1 Tm 6. 10), qual de vós, pastores, que porventura leiam este artigo, já não sofreu em alguma sessão decidindo o seu salário?
Jesus é o Profeta (Dt 18. 15-18), o Sacerdote (Hb 7. 21-22), o Rei Eterno, o Messias, o Caminho, e a Verdade, e a Vida (Jo 14. 6), não há verdade fora dEle, Ele é o assunto de quem fala a Verdade, as Palavras são dEle, Ele é a porta, Ele é o que entra pela porta, Ele é o Pastor (Jo 10. 11), o único Pastor (Ec 12. 11), as ovelhas são dEle, Ele mesmo diz que “quem não entra pela porta é ladrão e salteador”, é “lobo” e “mercenário”. O falso profeta é o ladrão e mercenário, quer arrebatar as ovelhas, mas quem segue o ladrão e mercenário, não é de Deus, "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem" (Jo 10. 27). Aqueles que dão ouvidos aos falsos profetas não estão isentos do juízo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Será que somos gratos?


Após assistir a um vídeo do neurocientista Pedro Calabrez sobre gratidão (link no final do texto) fiquei bastante contemplativo, o assunto colou em minha mente de tal forma que não consigo pensar em outra coisa desde então. Tenho pensado em todos os tipos de gratidão que podem haver no meio do povo de Deus e, até mesmo, em sua ausência, e quais os efeitos disso em nossas vidas.
Segundo o citado neurocientista existem três tipos de gratidão, a gratidão automática, a gratidão passiva e a gratidão ativa. A primeira refere-se as nossas formas corriqueiras de se expressar, seja em nossas interlocuções interpessoais diárias ao vivo ou online, como “tá bom”, “tá ok”, “legal” ou “obrigado”. A segunda trata-se de quando acontece algo especial, como o nascimento de um filho ou neto, a conquista de um emprego, uma promoção ou algo semelhante, coisa que não acontecem com frequência. Já a terceira forma de gratidão é característica de quem busca reconhecer as coisas boas que acontecem cotidianamente, tomando consciência de que há sempre um bom motivo de gratidão, ainda que simples, apesar de todos os males que nos advêm.
Creio que em nosso caso o assunto não é tão simples. Pois numa breve reflexão detectei mais dois tipos que a neurociência não relacionou. A falsa gratidão e a falta de gratidão, que não podem de forma alguma deixarem de ser abordadas quando tratamos de assunto tão importante.
Qualquer leitor da Palavra de Deus perceberá a importância de se ter um espírito grato. "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (1 Tessalonicenses 5:18). Parece-me que, apesar das janelas dos céus estarem abertas sobre as nossas vidas repletas de bênçãos (Efésios 1:3), jamais as aproveitaremos plenamente se não entendermos o significado de gratidão. Aliás qualquer dicionário expressará muito pouco de seu significado, nem pretendo, neste texto, apontar uma resposta plena a tão grande questão.
A primeira questão é se a gratidão pode ser classificada como um sentimento, creio que em parte sim, mas não exclusivamente. Nada na vida do crente deve limitar-se a um simples sentimento. Crente não vive de sentimentos, nossa vida não deve ser contemplativa, deve ser uma vida de atitude, assim como nossa gratidão, se não a expressarmos de alguma forma ela não será plena. Não como os três valentes de Davi, em 2 Samuel 23:15-17, que, de forma inapropriada, buscaram honrar o seu rei através de uma atitude imprudente. Mas em Lucas 17:12-19 há um relato interessante, dez leprosos são curados por Jesus, sendo que apenas um retorna para agradecê-lO. O samaritano voltou e, assim, foi abençoado com algo maior que a cura de sua lepra, alcançou a graça da Salvação por meio da Fé.
O segundo ponto é se a gratidão pode ser ignorada. Nada na vida deve ser ignorado. Cada experiência, cada atitude a nosso favor, ou mesmo contra nós, cada evento em nossas vidas tem o seu devido valor e por isso deve ser reconhecido aliás, gratidão resume-se a isto, reconhecimento de valor. Voltando ao texto de Lucas 17, nove dos que foram curados foram incapazes de valorar a cura que receberam, preferiram estribar-se no cumprimento da Lei, pois segundo esta, o sacerdote era aquele que os declararia oficialmente curados e, diferente do samaritano, não experimentaram a graça salvadora.
Outro ponto que deve ser levado em consideração é a falsa gratidão. É o que acontece quando alguém dá mais valor a si próprio que àquele que o favoreceu. Observe o seguinte texto: "O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo” (Lucas 18:11-12). Quem está sendo honrado nesta oração? O Deus a quem ele dá graças, ou o fariseu por suas “qualidades” e “dons”? Quantas vezes você deu graças a Deus por ser Cristão, ou por ser casado, ou solteiro, ou por trabalhar em tal lugar, em detrimento a alguém que estivesse em situação diferente ou “inferior” à sua?
O ponto central de uma vida de gratidão está na direção desta. Existem três direções possíveis, vertical, horizontal ou interior (para dentro). Não preciso dizer que a terceira opção é a escolha egoísta do fariseu do parágrafo anterior e que nem precisamos considerar. A primeira é vertical, em direção a Deus, "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco" (I Tessalonicenses 5:18). Ele é o Criador, o Doador da Vida, que tudo faz em nosso benefício, "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8 : 28). A segunda é horizontal, em direção ao próximo, "Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros" (Romanos 12 : 10), e "Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?" (I João 4 : 20). Na maior parte das vezes não temos como expressar a gratidão como atitude a Deus mas, quando atribuirmos valor ao próximo estamos fazendo a Deus também.
Uma vida de gratidão é uma vida de valor, de qualidade, bem vivida, melhora não apenas a sua vida, mas a vida daqueles que vivem ao seu redor. Encontre diariamente motivos para ser grato, seja grato a Deus, expresse sua gratidão a quem Deus tem usado para abençoá-lo. Quero repassar-lhe o desafio das três bênçãos, de Pedro Calabrez, no final de cada dia anote três motivos de gratidão, não precisa ser algo grande, você verá que coisa boas acontecem todo dia, escreva em um caderno, escreva ao lado porque aquilo é uma bênção, caso seja uma atitude de alguém, escreva porque você acha que a pessoa fez aquilo por você, escreva com suas próprias mãos, não use meios eletrônicos, isso fará uma grande diferença. Faça esse desafio por, pelo menos trina dias e veja a diferença que isto fará a você.
Quero agradecer ao neurocientista Pedro Calabrez que me fez refletir em todas estas coisas, quero agradecer também ao meu irmão e amigo Renato Pompei que muito contribuiu com esta reflexão e a Deus por mais esta oportunidade de contribuir para que outros reflitam sobre assunto tão importante.
Link do vídeo: