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quinta-feira, 9 de maio de 2019

Porque o crente não precisa ir à igreja


Não tem como ser crente sem ser membro de uma igreja. Este é um pensamento comum e aparentemente inquestionável. Porém há algum tempo tem surgido grupos cristãos que tem sido denominados de “desigrejados”, pessoas que se recusam a participar de uma instituição religiosa dizendo não ser tal prática necessária a quem deseja ter um relacionamento com Deus.
Será isto verdade? Será que para ser um filho de Deus temos de estar afiliados a uma denominação cristã? Temos uma cultura cristã milenar com práticas estabelecidas, nascemos num ambiente em que, para nos denominarmos cristãos precisamos nos enquadrar em práticas e costumes, como por exemplo, ser batizado, frequentar uma igreja, participar de cultos solenes, de celebrações de comunhão, partir do pão e participar do cálice, entre tantos outros.
A Bíblia, mais especificamente as Escrituras Cristãs, o Novo Testamento e todo o embasamento das Escrituras Hebraicas, ou Velho Testamento são (devem ser) o único fundamento da prática de vida cristã. Ela norteia a Fé. As Escrituras Hebraicas nortearam a vida religiosa a partir do Tabernáculo, do Sacerdócio e do Sacrifício, Tabernáculo substituído posteriormente pelo Templo de Jerusalém, símbolo da presença de Deus na terra, sede da religião Israelita e da Judaica dos tempos de Cristo.
O tabernáculo / templo foi o local de propagação dos mandamentos divinos e da fé, de consulta a Deus e de sacrifício pelos pecados, considerado casa de Deus, porém foi perdendo importância em função da hipocrisia praticada em seu interior, “assim diz o SENHOR: o céu é o meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés; que casa me edificaríeis vós? E qual seria o lugar do meu descanso? Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR: mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra. Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação é como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz a um ídolo; também estes escolhem os seus próprios caminhos, e a sua alma se deleita nas suas abominações.”, Isaías 66.1-3.
Claro que para o homem o templo sempre teve importância, e sempre terá, pois este é uma instituição que exige uma hierarquia, o sacerdote, o levita, o clero, o líder religioso. Creio que por esta razão, ao ser lembrado da imponência do símbolo da religião judaica, Jesus sentenciou que ali não ficaria “pedra sobre pedra”, Mateus 24.1-2, e Jesus completa: “que não seja derrubada”, significando que aquilo era uma estrutura falida, incapaz de levar alguém verdadeiramente à presença de Deus.
Muitos acham que encontram adoração nos templos, na verdade o que se encontra ali é teatro, exibição e controle. Raros são os momentos de comunhão genuína, de auxílio espiritual, de apoio ao necessitado, de amparo aos famintos e doentes. E quando parece que esses assuntos são importantes, são seguidos de pedidos vultuosos de dízimos e ofertas. Aliás, parece que Deus é tão pobre, precisa tanto de dinheiro, que isto se torna o assunto mais importante numa reunião eclesiástica.
Outra nota importante que Jesus nos deixa a respeito do assunto é quando ele responte a samaritana, dizendo que não era no templo de Samaria nem no de Jerusalém o local de adoração, mas no espírito, “pois importa que os que adoram a Deus o adorem em espírito e em verdade”, João 4.23-24. Nada poderia ser mais claro que esta declaração, aqui o templo deixa de ser o centro de adoração, deixa de ser a referência. Os apóstolos completam nos ensinando que não precisamos mais de mediadores, que todos somos sacerdócio real, que não precisamos que ninguém nos ensine, pois a Unção nos ensina, 1 Timóteo 2.5, 1 Pedro 2.9, 1 João 2.27.
O problema de fato não é que se possa adorar no templo (igreja), é que só se possa adorar no templo, não é verdade. Uma reunião familiar representa mais a igreja de Jesus do que um templo repleto de gente. Uma dúzia de pessoas reunidas, que se conhecem pelo nome, que se ajudam, que riem e que choram juntos, que comem juntos, que amparam aquele que for necessitado, estão mais próximos dos propósitos do Mestre do que um grupo de centenas, ou até milhares de pessoas, que não conhecem aquele que está ao lado, que ignoram seus problemas, que se alegram na banda musical e que choram com a eloquência do pregador.
Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é Santo: Num alto e santo lugar habito; como também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos”. Isaías 57.15.