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sábado, 29 de agosto de 2009

EU FIZ O QUE NÃO QUERIA

Certa vez um amigo me perguntou, “você tem certeza que quer ser pastor?” É claro que na ocasião era ainda seminarista, cheio de sonhos e esperanças em relação à igreja de Cristo, transbordando de ideais edificadores para o povo de Deus. Respirando o desejo pela pregação do genuíno Evangelho, o poder de Deus para a salvação do mundo.
Me recordo que este meu amigo, na ocasião o meu pastor, passava pelas dificuldades do ministério pastoral, dificuldades estas que são comuns a todo obreiro. Penso que, se o Mestre passou por tantas angústias em meu favor (e de todo aquele que crê), por que nós, meros mortais, simples instrumentos em Suas Majestosas Mãos, não haveremos de passar por nossas tribulações?
Olhei para ele e, quase que instantaneamente, respondi: “não é uma questão de vontade, mas de chamado”. Eu mesmo me surpreendi, não por ele não ter resposta a dar para a minha afirmação, mas admirei-me dela, da resposta. Fato surpreendente mesmo é que seja a mais pura verdade. Ele nos chamou para além de pregar o Evangelho, sofrê-lo, vivê-lo e até morrer por ele.
Ser ministro da Palavra não é fazer a própria vontade, pois se agíssemos por ela, quantas decisões teriam sido diferentes, quantas escolhas não seriam as mesmas, nos favoreceríamos mais, pensaríamos em nossas famílias, em um futuro mais promissor, ou, até mesmo em uma profissão que nos trouxesse reconhecimento.
Ser pastor não é fazer a vontade da igreja, seguir a decisão mais encantadora, a que trás mais ibope, visto que nem sempre “a voz do povo é a voz de Deus”. Sabemos disso com inúmeros exemplos, a começar com o “crucificá-o”, passando pelas perseguições do século XVII, quando a massa unânime se arremetia sobre os huguenotes, até os nossos dias, quando se discute acaloradamente assuntos medíocres em nossas assembléias acaloradas, ao ponto de se deixarem “vacas sobre a mesa”.
O pastor é chamado para fazer a vontade de Deus, é a síntese do servo. Eu não fiz o que queria ao abraçar o ministério, eu fiz o que Deus planejou pra mim, portanto, como chamado que sou, só tenho uma opção, fazer a vontade do Soberano, daquele que “me chamou das trevas para a Sua maravilhosa Luz”, aceitando Sua primazia sobre a minha vida e meu ministério.
Eu não posso ditar o meu caminho, nem a igreja pode, nem as correntes modernas da mídia evangélica, somente o Senhor Jesus o pode, e assim continuarei, fazendo a Sua Soberana vontade.
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." (Gálatas 2 : 20)

Pastor Tito Mendes.