Alguém postou no
facebook que julgar é bíblico através de uma foto com os seguintes
textos: 1 Coríntios 11. 19; Efésios 5. 11; 1 Coríntios 5. 12; 1
Reis 3. 9; João 7. 24; Levítico 5. 1, destacando as seguintes
sentenças, “Decore: julgar é bíblico” e finalizando,
“compartilhe com o seu pastor”.
É claro que não
concordo com o que a postagem quer indicar, ou insinuar. Mas, antes
de mostrar a postura cristã a respeito de julgamento, quero analisar
os textos apresentados:
1 Coríntios 11. 19 -
“E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são
sinceros se manifestem entre vós.”
Não há o que se
comentar neste texto, pois a palavra julgar, ou julgamento não
aparece neste texto, Paulo apenas ressalta que o errado aponta o
certo, pela divergência, como que pelo contraste, não me
aprofundarei nisto pois não é o objetivo, aliás a inserção deste
texto, dentro do propósito da postagem foi totalmente sem propósito
(é claro que a maioria não lê os textos, apenas as poucas
indutivas palavras da foto).
Efésios 5. 11 - “E
não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
condenai-as.”
Mais um texto
equivocado, aqui Paulo fala das obras da carne em contraposição ao
fruto do Espírito (ver Gálatas 5. 17-23). Aqui as obras da carne
devem ser reprovadas (conforme o original em grego), ver também
Mateus 23. 2.
1 Coríntios 5. 12 -
“Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não
julgais vós os que estão dentro?”
Como ler este texto sem
o contexto? Neste capítulo Paulo orienta a igreja a não ser
concorde com o pecador dentro da igreja, não ensina uma postura de
julgamento, mas de não-tolerância com o pecado, o versículo 13
trás luz ao assunto: “Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai,
pois, dentre vós a esse iníquo”. Quem julga os que estão de
fora? Exclusão não é julgamento, é disciplina, o julgamento cabe
a Deus.
1 Reis 3. 9 – Não
entrarei em pormenores por ser um texto do Velho Testamento, não que
não tenha validade, mas que se colocado fora do contexto do Nova
Dispensação pode ser mal interpretado, mas cabe ressaltar que é a
oração de um Rei (Salomão) no início do reinado que pede a Deus
capacidade de conduzir (julgar) o Seu povo.
João 7. 24 - “Não
julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”
Mais um texto fora de
contexto, Jesus aqui repreende os Fariseus, escribas e doutores da
Lei que buscam ocasião para condená-lo, Ver Mateus 23.
Levítico 5. 1 – Sem
pormenores, apenas o óbvio, não se compactua com o pecado, nem por
omissão, ver Tiago 4. 17.
Afinal! Podemos ou não
julgar?
Claro que poderia
fechar esta postagem com as Palavras de Cristo em Mateus 7. 1ss, “Não
julgueis para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que
julgardes sereis julgados(...)”, ou ainda com as de Paulo em
Romanos 2. 1, “Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem,
quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo que julgas
a outro, pois tu, que julgas fazes o mesmo”(ver versículos
seguintes). Estes textos nos mostram que não devemos julgar as
pessoas, pois também somos condenáveis, pois somos pecadores e
julgar desta forma é pura hipocrisia. Parece ser este o princípio
fundamental ensinado por Jesus e que deve ser aprendido e praticado
pela igreja.
Decerto que há sim,
como gosto de dizer, permissão para se julgar, mas a quem? A si
mesmo, veja 1 Coríntios 11. 28 - “Examine-se pois o homem a si
mesmo(...)”, e ainda o versículo 31, “Porque, se nós nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados”. Creio ser
assim, quando formos tentados a julgar o comportamento de alguém, de
forma a nos acharmos mais santos, ou superiores, devemos olhar no
espelho e olhar para nós mesmos, assim podemos, depois de “tirar a
trave do olho”, ajudar aquele que anda em trevas, e apontarmos a
luz.
Sendo assim podemos
entender que deve haver apenas um tipo de julgamento, a disciplina
exercida na igreja (1 Coríntios 5 e 6), exercida no dom maior, o
Amor (1 Coríntios 13), lembrando que somos alvos da misericórdia e
da Graça de Cristo, podemos ser os disciplinadores ou os
disciplinados,(Mateus 5. 23-25 e 18. 15-17).
Finalizo dizendo que
julgaremos (verbo no futuro) o mundo e os anjos (1 Coríntios 6.
2-3), portanto exerçamos, mais que julgamento, a misericórdia e o
perdão, pois se assim podemos fazer é que compreendemos que somos
miseráveis alcançados pela misericórdia e o favor Divino, mesmo
sem merecer nada que possa vir de um Deus tão justo, ainda assim nos
amou, sem mérito nosso, de forma tão intensa, que deu a Sua vida
para nos salvar.
Pastor Tito Mendes
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ResponderExcluirOi Pastor, meu nome é Lucas Meireles!
ResponderExcluirQuero dizer que o julgamento hipócrita e condenatório realmente é pecado!
Mas o julgamento no sentido de separar a má obra, as falsas doutrinas...Nesse sentido sim temos que julgar para não aceitar qualquer coisa que nos falam e querem convencer por aí! É isso que realmente significa o "julgar segundo a reta justiça". É ter a palavra de Deus como base para separar (julgar) o bom do ruim!
Aqui há uma baita contradição: "Creio ser assim, quando formos tentados a julgar o comportamento de alguém (...) devemos olhar no espelho e olhar para nós mesmos, assim podemos, depois de “tirar a trave do olho”, ajudar aquele que anda em trevas, e apontarmos a luz."...
Ora, ajudar quem está em trevas e apontar a luz também é julgar! Tem que julgar para saber se a pessoa está em trevas, tem que julgar para saber apontar a luz!!! Perceba que o julgamento não é condenatório, mas sim saber separar o caminho certo do errado. É saber separar uma prática pecaminosa de uma prática santa. E isso se faz "segundo a reta justiça".
Lembrando mais outra vez, já que nunca é demais, que o julgamento condenatório e hipócrita que é pecado!!! O julgamento no sentido de separar o que é bom e o que é ruim, este sim se faz muito necessário e o temos que fazer "segundo a reta justiça".
Pastor Tito Mendes, normalmente quem dá a desculpa de que não pode julgar para não ser julgado é quem tem algo sério a esconder! Devemos sim, com base na palavra de Deus, destacar aquilo que é pecado no meio do povo sim, mas jamais sendo hipócrita, ou fazendo o julgamento condenatório!
Abraço