O
dízimo talvez seja a principal bandeira cristã (evangélica) depois
da “conversão a Cristo” pois, logo após a decisão de um novo
crente, esta bandeira é entregue de forma veemente em suas mãos.
Mas o que é o dízimo? Quais são os reais ensinamentos a seu
respeito? Para entendermos este assunto precisamos entender o que é
Velho e Novo Testamento, não falo dos Livros da Santa Escritura, mas
das duas Alianças, a Velha e a Nova (Hebreus 9. 15).
A
velha aliança (Hebreus 9. 19) foi conceitual, teve por objetivo
revelar ao povo o juízo e a justiça Divina. Deus escolheu um povo e
por seu intermédio revelou sua justiça à humanidade e, nem mesmo
esse povo separado foi capaz de andar na Sua justiça. Mas, mesmo a
esse povo já havia sido anunciada a necessidade de uma nova aliança
(Hebreus 8. 10-13). A nova aliança é Jesus Cristo, o descendente
que pisou a cabeça da serpente e resgata o homem, “todo aquele que
crê” (João 3. 16), Ele veio para cumprir a Lei e a Justiça
Divina (Mateus 5. 17).
Quanto
ao dízimo, pode-se dizer que existem três tipos, o dízimo
israelita, o dízimo judaico e o dízimo cristão, sendo que os dois
primeiros são descritos e facilmente encontrados nas Escrituras, já
o último só poderá ser entendido no contexto da cultura cristã.
Comecemos,
obviamente, pelo primeiro, o dízimo no contexto da velha aliança.
Lendo Deuteronômio 14. 22-29, podemos ver claramente o que é o
dízimo e os seus objetivos. Primeiro, o dízimo não é dinheiro mas
a primeira safra, ou a primeira colheita daquilo que se dizima
(dizimar é passar a foice para colher o grão ou o fruto), o que era
recolhido para o dízimo era a primeira colheita e as primeiras crias
dos animais puros, em reconhecimento da bênção de Deus e em
gratidão a Ele e, também para sustento do sacerdote e do levita que
não tinham parte na herança para plantar e para criar. Era para ser
levado ao Tabernáculo ou ao Templo e, se este estivesse distante
deveria ser vendido por dinheiro, mas ao chegar ao local este
dinheiro deveria ser usado para comprar o equivalente para ser
ofertado.
Vemos
uma outra situação em relação ao dízimo após o exílio, o povo
estava preocupado em reconstruir suas casas e seus palácios e
estavam negligenciando o símbolo da presença de Deus entre eles, o
Templo, e o serviço deste (Malaquias 3. 7-12), porém, a partir da
revolta dos Macabeus os judeus tornaram-se dizimistas rigorosos
(Mateus 23. 23) ofertando, inclusive, as dízimas do endro, do
cominho e da hortelã mas como disse Jesus, negligenciavam “a
justiça, a misericórdia e a fé”. Ambos os textos referenciados
neste parágrafo são de observação e prática exclusiva do povo
judeu, Malaquias se refere a “vós, a nação toda”, o
remanescente judeu que voltou da Babilônia, e Jesus aos escribas e
fariseus, adeptos da seita judaica que primava pela manutenção das
práticas da Lei e da Tradição dos Anciãos.
Já
o dízimo cristão é um caso a parte, tal prática não é citada
nem recomendada em nenhuma parte do Novo Testamento, Jesus o cita em
Mateus e Lucas apenas como prática farisaica, da qual eles muito se
ufanavam de fazer (Lucas 18. 12), mas cremos ser uma prática dos
judeus, ao menos dos fiéis aos ensinamentos da Lei. Fora destes
Evangelhos só veremos menção ao dízimo em Hebreus, não para
recomendar a sua prática, mas para mostrar a submissão e respeito
de Abraão a alguém que lhe é superior, Melquisedequer, como figura
de Cristo. Os gentios, povos não judeus, foram isentos das práticas
da Lei, da velha aliança (Atos 15. 1-29). Mesmo quando Paulo
solicita uma contribuição aos irmãos de Corinto, não é uma
contribuição regular ou mensal, mas uma oferta de amor para
socorrer os irmãos necessitados da Judéia (Romanos 15. 26; 2
Coríntios 8. 1 – 9. 8).
A
prática cristã do dízimo moderno não encontra fundamento no texto
bíblico do Novo Testamento, hoje não há mais sacerdote nem levita
a ser sustentado, nem templo a ser erguido (1 Pedro 2. 9; Atos 17.
24-25; 1 Coríntios 6. 19), nada mais é que o resgate de uma prática
da Velha Aliança, retorno a “rudimentos fracos e pobres”
(Gálatas 4. 9). Laços que prendem o cristão incauto aos laços da
religião (João 8. 32) e o afasta da liberdade espiritual e do
sacerdócio universal, prendendo-o a instituições humanas,
ensinando doutrinas fora do contexto das Escrituras da Nova Aliança,
o Novo Testamento (Mateus 15. 7-9).
Você
que pensa dar o dízimo, na verdade não o dá conforme seu propósito
original e único, que é para o sustento da casa de Deus (o antigo
Tabernáculo e o Templo de Jerusalém) e do sacerdote e do levita, na
nova aliança não há mais sacerdote, nem levita, cada fiel é um
sacerdote neste mundo carente da mensagem de salvação, a igreja
quando reunida, ainda que dois ou três, é a casa de Deus, seu corpo
o Santuário do Senhor, lembre, igreja não é uma obra de tijolos e
argamassa, não é um endereço ou CNPJ, é o povo de Deus reunido em
nome de Jesus. Por essas razões eu concluo afirmando:
Você
nunca deu o dízimo.
E em qual contexto se encaixaria a passagem de Malaquias 3:10? Sabemos que podemos sim atentar na letra, mas principalmente pelo que diz além da letra, ou pela revelação do espírito santo, mas podemos ver claramente o que diz em malaquias
ResponderExcluirHá uma máxima no meio evangélico que diz "o texto sem contexto é pretexto pra heresia". O texto de Malaquias tem um contexto que não deve ser ignorado, o povo judeu retornado às Palestina sem prestar a devida devoção a Javé. Hoje, nossa devoção e nossa entrega é a nossa vida.
ResponderExcluirEntendi, então devemos dar 10% de nosso tempo a DEUS correto?
ResponderExcluirNão. Devemos dar tudo de nós a Deus. Uma vez alguem perguntou a Jesus se era lícito pagar tributos, Jesus pediu que lhe mostrassem uma moeda, então perguntou de quem seria a imagem e a inscrição, disseram, "de César, "então", disse Jesus, deem a César, ou seja, ao governo, o que lhe é próprio, o dinheiro, e deem a Deus o que foi criado a Sua imagem e semelhança, a vida do homem.
ResponderExcluirRealmente não encontrei nada sobre dízimos no novo testamento, apenas uma referencia do apóstolo Paulo falando sobre Abraão, ao qual deu o dízimo de seus despojos, no tempo de Abraão havia templo? Realmente não sei. Acredito que algumas denominações de hoje em dia usam a Bíblia para enriquecer e esquecem o real propósito que é pregar o evangelho, mas todos estaremos frente a frente com o Pai para prestar conta de tudo quanto fazemos.
ResponderExcluirAs escrituras ou a Bíblia é completa, a palavra de Deus é perfeita, não é por que diz algo no antigo testamento que não devo mais fazer...enquanto aos 10 mandamentos revelados a Moisés? É claro que não devemos ignorar! Hoje em dia sabemos que não há mais templo ou Levita, mas há ainda aqueles que pregam a palavra do Senhor e nossos dízimos mantém as igrejas com as portas abertas. Ressalto que há denominações ao quais os pastores não dependem do dízimo dos fiéis, pois eles mesmos têm seus próprios empregos e o dízimo fica dedicado somente a manter a igreja física aberta. Devemos lembrar que a própria Bíblia fala que a letra mata, (2 Coríntios 3) mas o espírito vivifica, devemos atentar para as revelações do Senhos para nossas vidas assim também como diz em 1 Coríntios 12, sobre os dons do Espírito. Sabemos que os fariseu, saduceus entre outros entendiam muito sobre letra, eram doutores da lei e entendiam muito sobre letra. Devemos atentar ao que o Espírito diz a nós pela palavra e as revelações do Senhor para este tempo do breve, o princípio das dores.
Então devo guardar o sábado como ensinam os Adventistas?
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