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terça-feira, 19 de novembro de 2019

A igreja não é minha


Ouço frequentemente citações do tipo: “onde fica a sua igreja?”, “a minha igreja é muito animada”, “eu sou da igreja do pastor Reivaldo”, “eu sou ovelha do pastor Marionildo” ou o pastor do púlpito diz: “minha igreja” ou “minhas ovelhas”. Reviro-me dentro de mim sempre que ouço algo parecido com isso, pois de quem é realmente a igreja? Ou de quem são as ovelhas?
A Igreja não pertence a homens, não foi fundada por homens, foi fundada Pelo Espírito de Deus no dia de Pentecostes, sob a promessa do próprio Jesus. A Igreja não é apostólica, pois não foi fundada pelos apóstolos, a Igreja não tem denominação, aliás se há alguma denominação para a Igreja é “esposa de Cristo” (Ef 5. 21-33), “igreja de Deus” (1 Co 10.32 e outros), “congregação dos santos” (Sl 149. 1), mas nada registrado em cartório, apenas conforme registrado na Bíblia.
Pra começarmos a entender este problema percebemos que nenhum apóstolo declarou a igreja como sua. Não há nas cartas de João, Paulo, Tiago, Pedro ou Judas declaração de propriedade da igreja como sua, nem em Hebreus, nenhum deles ousou usar a expressão “minha igreja”, ou mesmo “minhas ovelhas”. O mais perto disso usado pelos apóstolos foi “filhos na Fé” (1 Tm 1. 2) ou “filhinhos” (Gl 4. 19; 1 Jo 2. 1 e outros), creio que com o mesmo sentido do anterior.
Jesus é o único nas Escrituras Cristãs a assumir um papel possessivo sobre a Igreja quando diz: “... edificarei a minha Igreja” (Mt 16. 18), ou mesmo sobre o rebanho quando diz: “as minhas ovelhas ouvem a minha voz, Eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10. 27), e não se contradisse quando orientou ao apóstolo: “Pedro, tu me amas?... apascenta as minhas ovelhas” Jo 21. 16-17). Ou seja, é sim Pedro quem apascenta, mas as ovelhas são de Jesus. E Pedro nunca disse o contrário. Aliás, na Palestina dos tempos de Jesus, os pastores não eram donos de ovelhas, mas serviçais dos fazendeiros, estes sim, senhores e donos dos rebanhos.
O que expressamos pela nossa boca se não expressa o que está dentro de nós acaba por nos definir. Tenhamos o devido cuidado de declarar apenas o que glorifique ao Senhor, e não a nós. “Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!” Sl 19. 14.


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